Introdução.

Com o início da sua construção datada do final do Século XVII, o prédio do Sesc Boulevard era na época de sua construção um conjunto de casas de fachada azulejada. O prédio estava deteriorado e fadado a demolição até ser comprado pelo Sesc (serviço social do comércio) e reformado. Sua fachada azulejar foi restaurada a partir de réplicas fabricadas com base nos azulejos remanescentes. Os azulejos presentes na sua fachada são característicos do final do século XVII, onde o azulejo em policromia passava a se popularizar. O tapete azulejar se forma a partir de padrões 2x2 (4 elementos) formados a partir da rotação dos azulejos.

6mxLsU6.png

História e Arte

O imóvel que hoje abriga o Centro Cultural Sesc Boulevard faz parte da área de entorno do Conjunto Arquitetônico e paisagístico do Ver-o-Peso, tombado em esfera federal (IPHAN), e está inserido dentro da área do Centro Histórico de Belém sendo considerado pelo poder público municipal (DPH/Fumbel) como bem de interesse a preservação, sob a classificação de preservação parcial.

A edificação passou por um longo período de abandono, chegando muito próxima da demolição. Esta situação foi agravada por um incêndio no final da década de 1980, que comprometeu sua estrutura interna e deixou como testemunhos apenas a fachada frontal da Avenida Boulevard Castilhos França e a fachada posterior da Rua Gaspar Viana.

vnu91ky.png
Vista da fachada externa (Av. Boulevard Castilhos França), antes da restauração.

O prédio foi comprado e restaurado pelo Serviço Social do Comérico (Sesc) em 2002, adequando-o às necessidades atuais e mantendo-o harmônico com o casario histórico característico da região. O projeto partiu da análise do objeto de modo isolado, e sua relação com o casario adjacente, que representa uma importante referência histórica para a cidade, de modo a estabelecer a recuperação do edifício dentro daquela unidade.
Externamente as fachadas foram restauradas, a partir da recuperação dos azulejos remanescentes e da complementação das lacunas com réplicas, de modo a reestabelecer a leitura da identidade da vizinhança. Os azulejos presentes no edifício representam bem a tendência arquitetônica que surgia no final do século XVII, onde o azulejo policrômico substituía o monocrômico azul nas fachadas azulejadas.

dn60opj.png
Fachada restaurada.

Transformações Geométricas

Observando o elemento (azulejo) notamos que o padrão é formado por rotações deste em torno de um ponto.

rVELzNY.png

Aplicando a seguinte transformação geométrica rotacionamos o elemento em 90 graus ( $\frac{\pi}{2}$ radianos):

2d596b6636980ad79b3d78e51a12f751c3ff3cad
Tomamos $\theta = \frac{\pi}{2}$ e aplicamos a transformação acima em todos os pontos $(x,y)$ do elemento.
k7PUvSD.png
Padrão após a primeira rotação.

Repetimos esta rotação para o próximo azulejo:

NBprn0Y.png
Padrão após a segunda rotação.

E por fim fazemos mais uma rotação de 90 graus, formando o padrão completo:

3rkNmNd.png
Padrão completo após 3 rotações.

Abaixo temos uma animação que mostra as 3 rotações em sequência:

giphy.gif
Animação demonstrando a rotação do elemento em torno de um ponto fixo.

Referências

ALCÂNTARA, D. M. e S. de; BRITO, E. R. S. de; SANJAD, T. A. B. C. Azulejaria em Belém do Pará: Inventário arquitetura civil e religiosa século XVII ao XX. Brasília, DF: Iphan, 2016. 344p.

SANJAD, T. A. B. C. Ação microbiológica nos azulejos históricos das fachadas de Belém, região amazônica. Pós: Belo Horizonte, v. 4, n. 8, p. 124-133, 2014.

WANDERLEY, I.M. Azulejo na Arquitetura brasileira: os painéis de Athos Bolcão. Tese de Mestrado. USP-São Carlos, 2006.

LIMA, Elon Lages. Isometrias. Rio de Janeiro: SBM/IMPA, 2007.

FORTE, Márcia Teixeira Filgueira; SANJAD, Thais Bastos Caminha. Intervenções arquitetônicas no centro histórico de Belém: a prática projetual contemporânea. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 6, n. 3, p. 188-204, set. 2015.